PRÉ-HISTÓRIA
Com o valioso contributo da arqueologia, sabe-se, hoje, que a presença do homem no Concelho de Loulé remonta ao Paleolítico Antigo. Nos milénios seguintes, no período da Era dos Metais, intensifica-se a incursão dos povos do Mediterrâneo Oriental, que progressivamente penetram no Sudoeste Peninsular, e que culmina com a chegada dos Fenícios e dos Cartagineses que fundaram as primeiras feitorias na orla marítima do Concelho, promovendo a pesca, a prospecção da metalurgia e a actividade comercial.
ANTIGUIDADE E ALTA IDADE MÉDIA
O nome Quarteira, segundo fundamentadas leituras, advém da palavra "CARTEIA", que era uma vila romana e antes cartaginesa de grande comércio de marinhas do sal, de peixe e peixe seco. Segundo alguns historiadores, Carteira foi fundada no ano 504 antes de Cristo. O último vestígio desta antiga vila deixou de poder ser visto depois do maremoto de 1755. Era nesta antiga vila existia um presídio, onde se diz que o filho de Pompêo derrotado por César, perto de MUNDA, procurou refúgio e conquisto 30 galeras (fragatas) - isto no tempo em que Carteia era ainda uma vila cartaginesa. Mais tarde, aliada ao império romano, também nela procurou refúgio Lelio e a sua esquadra, após Sepião Africano ter tomado Carthagena. Carteia foi igualmente reconhecida por "TARTESSO" ou o povo Tartesso, outros também a aclamaram de Carteya.
A partir dos meados do século II a.C., após a Segunda Guerra Púnica, os Romanos dão novo impulso às actividades económicas desenvolvendo a indústria conserveira, a agricultura e a exploração mineira do cobre e do ferro.
Nos anos 30 do Século XX, algumas queixas foram feitas por parte dos pescadores á Capitania local, dado que as suas redes eram constantemente danificadas por se pegarem ao fundo naquela zona. A uma equipa de mergulhadores da Marinha de Guerra foi encomendada uma pesquisa pelo local. Esta equipa, após pesquisar toda a zona, encontrou várias argolas chumbadas nas paredes das ruínas da dita Carteia.
Algumas medalhas, ainda em bom estado de conservação, achadas naquele local mostram a figura de uma cabeça laureada numa das faces, enquanto no reverso um Delfim, onde em cima estava escrito Luciuc Marcius (XCI a.C.) ligado com um "M" ao Al Marci e, em baixo estava escrito Carteia. Outra das medalhas encontradas era ornada com muitos símbolos, um deles era um Delfim e um Tridente transverso que parecia querer capturar o dito animal. No reverso, estava escrito Carteia com um leme, em cima a indicação possível da época IIIVIR e em baixo estava escrito D.D. (Decreto Decuriomm).
Certo é que muitas outras Carteias existiam ao longo da costa portuguesa e africana, de onde poderiam advir as medalhas, não podendo toda a informação recolhida desses tesouros ser relativo a esta Carteia.
CERRO DA VILA - VILAMOURA
As ruínas romanas do Cerro da Vila situam-se no distrito de Faro, no concelho de Loulé e mais precisamente na Freguesia de Quarteira. Constituídas por várias banheiras e mosaicos romanos datados de mais de 2000 anos.
Pertencente ao território de Ossonoba, a primitiva ocupação da vila remonta à primeira metade do século I d.C. A sua localização favoreceu o aproveitamento dos recursos marítimos e o tráfico de mercadorias, atestado pela existência de um porto.
No século II e, particularmente, a partir do século III, a área residencial adquiriu uma expressiva dimensão. A água era um elemento sempre presente, jorrando das bicas e das estátuas para o lago do jardim, espaço central em torno do qual toda a casa se desenvolvia: uma grande sala de recepção e de refeições de Verão, os quartos, a cozinha, as áreas de serviços, que incluíam um cryptoporticum.
As paredes eram revestidas com estuques pintados a fresco, com cores garridas e motivos florais e geométricos. O pavimento era decorado com mosaicos multicolores. As esculturas de deuses e homens decoravam os espaços interiores, harmonizando um conjunto fantástico de cor e recorte de pedra.
Pouco sabemos sobre a economia produtiva local, mas várias oficinas com tanques indiciam o fabrico de preparados de peixe ou, mais provavelmente, a tinturaria de tecidos a partir da púrpura. O achado de grandes quantidades de elementos importados, ânforas, lucernas, loiças e vidros, demonstra a integração do Cerro da Vila na rede comercial do Império romano.
Os senhores do Cerro da Vila fizeram-se sepultar em mausoléus com columbarium, uma cripta com pequenos nichos laterais para a colocação das urnas contendo cinzas. Em época mais tardia, foi crescendo um vasto cemitério com sepulturas de inumação, só parcialmente descoberto.
Um conjunto de silos da época islâmica, abertos no interior das casas romanas, denuncia a continuidade de ocupação dos edifícios.
Tendo por fim a valorização e apresentação do sítio ao público, foi construído um museu de sítio onde está patente uma exposição monográfica. Foi ainda editado um Guia desdobrável de apoio à exposição. Prevê-se também a execução de sondagens na área portuária e o estudo dos mosaicos e da arquitectura da vila.
Fazem parte do património Quarteirence e fazem parte também dos vários centros atractivos e turísticos de Quarteira (Vilamoura).
Período Muçulmano
Com a conquista dos Muçulmanos, no século VIII, nasce a urbe medieval que virá a gerar a cidade histórica actual. Al-'Ulya' (A Alta, hoje Loulé) é-nos descrita, pela primeira vez, nas vésperas da reconquista cristã, nas crónicas árabes de Ibne Saíde e Abd Aluhaid como sendo uma pequena Almedina (Cidade) fortificada e próspera, pertencendo ao Reino de Niebla, sob o comando do Taifa Ibne Mafom.
RECONQUISTA CRISTÃ
Segundo alguns cronistas, o topónimo "QUARTEIRA" já era usado pelos Moçarabes locais, antes da reconquista.
Quarteira foi conquistada por D. Afonso III aos mouros, no ano de 1250, época em que todo o Algarve se tornava território português.
Quarteira era uma terra de grande comércio e indústria de peixe. D. Afonso III pediu que se respeitassem os privilégios e liberdades, honras e fraquezas, usos e costumes dos mouros - algarvios. Mais tarde, várias reclamações foram feitas á Câmara Municipal de Loulé, de que as regateias só compravam o peixe dos mouros e não o dos pescadores portugueses. Possivelmente, foi a partir desse momento que se deu o acontecimento do peixe ir em praça, com uma taxa aplicada a favor da autarquia.
Quarteira teve o seu foral em 15 de Novembro de 1297, em que foi pedido por Martim Marcham, com mais de 50 provadores, de maioria italianos, nos vasto terrenos que mais tarde se designariam por Morgado de Quarteira, hoje mais conhecida por Vilamoura. Ali, foi implantada a cana-de-açúcar pelo mercador genovês, Micer João Palma, “nosso servidor das nossas canas de açúcar no Algarve”, segundo carta datada de 16 de janeiro de 1404, pela qual D. João I ordena que sejam coutadas aquelas terras. O Morgado de Quarteira chegou a ter mais de 20 administradores até aos dias de hoje.
DESCOBRIMENTOS
No período dos "Descobrimentos e Expansão Marítima", a região do Algarve, nomeadamente Loulé, inicia um novo ciclo de crescimento económico. A actividade comercial é reanimada.
SÉCULO XVIII
Na primeira metade do século, durante o reinado de D. João V, Portugal viveu um clima de prosperidade económica sustentado pelo ouro do Brasil. Tirando proveito da actividade artística e cultural inserida no espírito do Barroco, o interior das Igrejas e Capelas são enriquecidas e valorizadas com excelentes retábulos em talha dourada e em azulejaria, obras que foram executadas pelos melhores artífices da região e fábricas do País.
SÉCULO XIX
A grande evolução dos transportes, com a construção da linha férrea no Algarve em 1887 e o desenvolvimento das vias de comunicação, contribuíram no seu conjunto para a profunda mudança no modo de viver da população. No entanto, algumas infra-estruturas e equipamentos básicos só no decorrer do século XX passaram a ser equacionados de forma prioritária.
SÉCULO XX
O crescimento da cidade apoiou-se numa nova melhoria das vias de comunicação, o que se traduziu numa acelerada actividade de construção civil.